João Basilio
Ilustrações André Neves
Ed Lê
Esse livro nos encantou.. já estamos lendo ele por quatro noites seguidas.
Um texto gostoso de ler, onde o autor faz um jogo divertido com as palavras.
Minha Maria, há um mês de completar cinco anos ficou encantada com o livro, mas se sua criança não é do tipo que ama historinhas, aconselho que deixe esse para maiores de seis, sete anos... até porque ele não tem todas as páginas ilustradas (o que algumas vezes pode ser um problema!).
Aliás, as ilustrações do livro são interessantíssimas, colorido em tons pastel.
O livro conta a história da Gabriela, uma menininha de cinco anos que é muito curiosa e muito amorosa. Um dia ela acorda com um grito de seu pai, e quando ela pergunta a ele o que aconteceu, ele responde que PERDEU A HORA.. e antes mesmo que ela pudesse se dar conta seu pai saiu correndo pela porta.
Gabriela então fica encucada com aquela história: Onde será que está a hora que seu pai perdeu? E então ela decide ajudar seu pai e começa a procurar aquela hora fujona!
"Qual será a cor da hora?.. Não faço ideia. E cheiro, tem? Não sei também..."
A menina até pensou em pedir ajuda para sua mãe, sua irmã mais velha e seu irmão mais novo, mas ainda era muito cedo e estavam todos dormindo. Gabriela ficou com muita pena de seu pai, e pensou que se ele tinha saído com tanta pressa, é porque ele deve ter ido atrás da hora, e decidiu sair para procurar a hora do seu pai. A cidade era muito grande, afinal todo mundo sabe que duas pessoas procuram melhor do que uma!
"Já pensou se eu encontro a hora? Meu pai vai ficar muito feliz!"
Quando chegou ao centro da cidade, parou em frente a um lugar que tinha tudo para ajuda-la: uma loja de relógios. Gabriela ficou impressionada com o barulho de tantos relógios, qual deveria ser o som da hora do seu pai? E então ela perguntou a um senhor que estava na loja se ele sabia onde estava a hora do pai dela.
Então o vendedor respondeu que achar a hora perdida era uma coisa muito complicada, mas que ele poderia vender um despertador para ela, assim o pai dela nunca mais perderia outras horas!
Mas Gabriela achou que aquilo não ia resolver, seu pai tinha ficado triste por causa DAQUELA hora, NAQUELE dia! Também lembrou que não tinha dinheiro, e com esses pensamentos saiu da loja.
Andando mais um pouco, Gabriela descobriu um relógio grandão, no alto de uma igreja. Aquele parecia ser o maior relógio da cidade, quem sabe, não era neles que ficavam as horas perdidas? E então ela resolveu conversar com um cego que ficava ali pedindo esmolas, e perguntou a ele se a hora que o pai tinha perdido poderia estar lá naquele relógio? E o cego responde:
"Fico aqui o dia todo e não vejo a hora passar! Mas o que eu escuto todo mundo dizer por ai é que as horas passam voando!" E então Gabriela olhou para cima, e viu um bando de passarinhos sair voando da torre daquele relógio e pensou que aqueles passarinhos eram as horas! Deu tchau para o cego, e saiu correndo para seguir os passarinhos.
E ao atravessar uma avenida olhando para cima, fez vários carros frearem e teve um que quase parou em cima da menina. Então um motorista meteu a mão na buzina e gritou: "Você perdeu o juízo, garota?"
Gabriela ficou muito assustada, nem tanto pela freadas, nem pelo grito do moço, mas por causa da noticia que ele tinha dado a ela - "perdeu o juízo!" Agora além dela ter que encontrar a hora do pai, ia ter que procurar o seu juízo!
E como ela a essa altura tinha perdido os pássaros, resolveu perguntar para todo mundo: "Você sabe onde eu encontro uma hora? e o juízo, onde é que mora?"
Mas ninguém podia ajudar a Gabriela, porque todo mundo tinha medo de perder outras coisas: "não posso te ajudar, senão perco o ônibus", "Agora não posso, senão perco o emprego!", "Outra hora, não posso perder a novela!"
Gabriela estava descobrindo que essa história de perda era um problema que assustava todo mundo!
Nessa hora começou a chover. Lá estava ela: sozinha, no meio da rua, no meio da chuva e no meio de muitos pensamentos. A essa altura ela só queria voltar para casa, mas adivinhe: agora ela também tinha se perdido!
Gabriela começou a chorar, começou baixinho e depois muito mais forte, competindo com as nuvens para ver quem derramava mais lágrimas. Nessa hora apareceu uma moça que usava óculos, com uma sombrinha enorme nas mãos. Gabi achou que a moça parecia um anjo, mas não achou asas.. e será que anjo usava óculos... com esses pensamentos, parou de chorar. A moça deu um abraço forte nela e lhe disse uma coisa muito importante:
"Aconteça o que acontecer, nunca perca a esperança!"
E assim Gabriela se agarrou a moça e juntas viram uma noticia em na televisão de uma loja: "uma menina de nome Gabriela tinha sumido de casa naquela manhã" - Que alegria! Meia hora depois Gabi foi recebida com abraços e beijinhos em casa, e a moça ouviu milhares de "Muito obrigada".
Enquanto comia, Gabriela contava nos mínimos detalhes a sua aventura. Ela não entendia porque todo mundo toda hora caía na gargalhada quando ela dizia que procurava a hora perdida.
E pensou que eles riam, pois não sabiam como era difícil procurar uma hora.
Depois da festa, dos risos e da moça-anjo ir embora, também teve os puxões de orelha. E aquela história de perder as coisas, acabou voltando:
A mãe reclamou: "Você me fez perder o sono, sabia?"
A irmã agradecia: "Por sua causa, perdi meio quilo"
O pai choramingava: "Você me fez perder a calma"
Sono... quilo... calma. Nessa hora Gabriela foi dormir, estava cansada mas também tinha uma ansiedade, doida para o dia seguinte chegar logo, afinal eram mais três coisas para ela procurar.
Sua carreira de investigadora estava apenas começando!
Um livro divertido, com um texto maravilhoso e jogos de palavras.
Com 31 páginas, encontrei o livro (pesquisa internet) por R$ 33,00 no site da Livraria Cultura.